O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte iniciou tratamentos inovadores com células CAR-T, terapia de última linha para alguns tumores, no início de 2022. Em cerca de um ano, o Serviço de Hematologia Clínica do CHULN, dirigido por João Raposo, tratou dez doentes com esta técnica, que reeduca as células para atacar a doença, doentes que sem este tratamento tinham uma esperança de vida provavelmente inferior a seis meses. Um trabalho multidisciplinar que envolve também o Serviço de Imunohemoterapia, que colhe e prepara as células depois de programadas nos Países Baixos, o Serviço de Medicina Intensiva, a Neurologia, a Imagiologia ou a Neurorradiologia, que avaliam e ajudam a controlar os níveis de toxicidade nestes doentes.
João Gonçalves, de 38 anos, foi o último doente a beneficiar deste tratamento no Hospital de Santa Maria. João Gonçalves foi diagnosticado em 2022 com um linfoma não-Hodgkin. Originário de Leiria, João foi referenciado para o Serviço de Hematologia do CHULN e foi já no Hospital de Santa Maria que recebeu os ciclos de quimioterapia, sem sucesso.
“Esse é precisamente um dos critérios para recurso ao tratamento com células CAR-T. Falamos de casos muito complicados, que não respondem aos tratamentos habituais de quimioterapia, em que usamos esta estratégia alternativa. O doente tem de ter dois tratamentos prévios sem sucesso para avançar para este tratamento”, explica Daniela Alves, hematologista do CHULN.
Com esta técnica, são as células do próprio doente que são manipuladas para atacar células de uma doença específica. João Gonçalves recebeu o tratamento no final de março, cerca de três semanas depois da recolha das suas células no Centro de Terapia Celular do Serviço de Imunohemoterapia. Depois de reprogramadas num laboratório dos Países Baixos, as células de João regressam ao mesmo serviço, dirigido por Álvaro Beleza, onde a Técnica Laura Mendes e sua equipa, num trabalho de minúcia, as descongelam e preparam para a infusão no doente, três pisos acima, no Serviço de Hematologia no Hospital de Santa Maria.
Depois da infusão das células CAR-T, João esteve internado mais uma semana no Hospital de Santa Maria. Encontrámo-lo em meados de Abril numa consulta de seguimento, onde fez a avaliação da resposta neurológica. “Esta já é a minha sétima linha de tratamento, mas espero vencer o cancro, estou muito esperançoso”, conta, emocionado, já depois dessa primeira consulta, sublinhando a confiança “nestes tratamentos e nos médicos que me acompanham”.
O CHULN é um dos três hospitais nacionais a realizar tratamentos com células CAR-T. A doente seguida há mais tempo no serviço foi tratada no início de 2022 e mostra uma evolução muito positiva, que leva os médicos a falarem de cura. “Esta doente tinha um diagnóstico inicial de linfoma folicular, que depois teve uma transformação para linfoma difuso de grandes células B, doença potencialmente fatal, em que o tratamento habitual de quimioterapia de alta dose não surtiu efeito. Foi então que se avançou para as CAR-T”, detalha Eduardo Espada, hematologista do CHULN.
Sem estes tratamentos, a esperança de vida para estes casos muito complexos seria inferior a seis meses. “São doentes que já não tinham outra alternativa”, enfatiza Daniela Alves. Os estudos mostram que cerca de 40% dos doentes muitos complexos sobrevivem com este tratamento. “Este tratamento permite resgatar doentes para os quais a quimioterapia não é solução”, acrescenta Eduardo Espada. “É uma técnica muito seletiva, retirando toxicidade associada a tratamentos como a quimioterapia”, conclui, apontando as potencialidades para o futuro.
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