“Já estás na faculdade? Espetacular, muitos parabéns!”. Acabado de chegar ao parque infantil das consultas externas de Pediatria do Hospital de Santa Maria, Francisco Abecasis abraça e felicita Sofia Neves pelos sucessos académicos, misto de orgulho na jovem de 18 anos e espanto com a passagem do tempo. O pediatra do CHULN conhece Sofia desde Outubro de 2010, quando a então criança de seis anos entrou em Santa Maria com uma miocardite fulminante. Foi apenas a segunda doente a ser tratada com uma técnica que nessa altura dava os ‘primeiros passos’ na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos: a ECMO – Oxigenação por Membrana Extracorporal.
Mais de 12 anos depois, a UCIPED do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte já tratou 104 crianças e adolescentes com esta técnica de fim de linha, cinco delas só este ano. Na última segunda-feira foi dia de celebrar a vida com estes verdadeiros vencedores e as suas famílias, numa festa organizada pelo Departamento de Pediatria e a Equipa de Educação do CHULN.
“É claro que quando me falaram da ECMO, eu não conhecia a técnica. Só me disseram que iam ligar a Sofia a uma máquina que iria substituir as funções do coração e dos pulmões. E a verdade é que a Sofia foi melhorando, o coração dela foi recuperando, e uma semana depois foi retirada de ECMO”, recorda emocionada Cristina Neves, a mãe de Sofia, que nunca mais perdeu o contacto com a equipa da UCIPED. “Recordo toda a equipa, a Dr.ª Cristina, a Enfermeira Zélia Soares, mas é claro que tenho um admiração especial pelo Dr. Francisco Abecasis”.
Sofia foi uma das muitas homenageadas nesta festa especial, “a segunda mais velha”, como sublinhava em tom de brincadeira Marisa Vieira, coordenadora da UCIPED, enquanto distribuía distintivos com a inscrição do tempo em que cada um esteve ligado a ECMO, verdadeiras medalhas de resiliência e superação.
No caso de Inna Todoriko, foram três dias. Aos 25 anos, Inna é a mais velha de todos os doentes que foram acompanhados na Pediatria com esta técnica. “Na altura tinha 17 anos. Tive um acidente de mergulho em Agosto de 2015 e fiquei com muitas limitações de respiração”, recorda a jovem de origem ucraniana.
“Temos mesmo de celebrar a vida destas crianças e a alegria destas famílias”, sublinha Marisa Vieira, numa mensagem partilhada com toda a sua equipa. “Ao olharmos para todos eles, não lamentamos nem um bocadinho todas as horas que não dormimos, que saímos de casa de madrugada, que faltámos à nossa própria família para ir pô-los em ECMO, tirar coágulos da máquina, estabiliza-los, levá-los ao bloco. Que grande trabalho de equipa temos feito!”.
O bebé milagre que “cansa os pais antes de ficar cansado”
Durante quase todo o primeiro mês da sua vida, Afonso Serpa teve o coração e os pulmões substituídos pela máquina de ECMO nos cuidados intensivos pediátricos do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Foi operado no Hospital de Santa Maria a uma hérnia diafragmática com recurso a uma estratégia pioneira em Portugal, como contou em 2019 Francisco Abecasis, coordenador do programa de ECMO neonatal e pediátrico no CHULN.
O Afonso nasceu no Hospital Fernando Fonseca mas foi colocado em ECMO e transferido para Santa Maria logo no primeiro dia de vida. E foi ligado à máquina “que nos faz ganhar tempo”, como descreveu Francisco Abecasis ao Diário de Notícias, que foi operado na Cirurgia Pediátrica do CHULN. Estávamos no final de 2019 e a sua história seria contada por jornais e televisões, que, depois de um internamento de quase dois meses, o apelidaram de ‘bebé milagre’.
Mais de três anos depois, Afonso brinca no baloiço e corre com a mesma energia das crianças que o rodeiam. “Cansa primeiro os pais antes de ficar ele cansado”, graceja a mãe, Mariana Serpa, enquanto embala o novo elemento da família: Afonso já tem um irmão, João, de quatro meses, nascido em Santa Maria. “Ficámos muito ligados a este hospital. É aqui que o Afonso continua a ser seguido, pela Dr.ª Miroslava Gonçalves, que o operou. E se é aqui que estão os melhores serviços não fazia sentido para mim ir para outro sítio”, conta Mariana Serra.
7 em cada 10 crianças sobreviveram
As taxas de sobrevivência do programa neonatal e pediátrico de ECMO no CHULN rondam os 70%, resultados superiores à média internacional. Além da equipa clínica, o sucesso do programa deve-se também em grande parte a uma equipa de enfermagem altamente diferenciada, dirigida pela Enfermeira Zélia Soares, uma das suas pioneiras.
“São resultados francamente positivos: isto quer dizer que 7 em cada 10 crianças tratadas em ECMO no CHULN sobreviveram! Crianças que, antes da técnica, tinham mais de 80% de probabilidade de não sobreviver e que não tinham outra alternativa terapêutica”, reforçou Francisco Abecasis nas jornadas de Pediatria do CHULN, realizadas no início deste ano.
A UCIPED do CHULN, dirigida por Marisa Vieira e que está integrada no Departamento de Pediatria, liderado por Ana Isabel Lopes, já ‘resgatou’ crianças em ECMO de norte a sul do país, em perto de 60 transportes intrahospitalares, e tem um protocolo com a Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Cruz para canulação das crianças mais jovens. O diretor deste serviço do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, José Pedro Neves, esteve também presente nesta celebração especial da semana da criança no CHULN.
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