A música até aí cantada a plenos pulmões vai baixando de nível à medida que a porta da Medicina 2D se aproxima. O “Bom dia em Santa Maria”, letra feita à medida para a primeira casa dos Palhaços d’Opital em Lisboa, passa agora a um comedido fio de som enquadrado pelas violas a meio-tom. Jorge Rosado, o diretor artísitico e maestro desta orquestra com nariz de palhaço, reúne o grupo de mais seis artistas durante alguns segundos e alinha a abordagem para o momento especial que se aproxima. Afinal de contas, esta é a primeira visita a um serviço de internamento do Hospital de Santa Maria, onde arrancou nesta segunda-feira, 3 de Junho, uma parceria para levar humanização e conforto através das artes a doentes internados.
Os primeiros olhares desconfiados rapidamente dão lugar a sorrisos, de utentes, familiares e profissionais. “O balanço superou largamente as nossas expectativas”, confessaria mais tarde Filomena Ramos, Enfermeira Gestora da Medicina 2D. Dentro de um dos quartos da enfermaria, o grupo de sete palhaços canta em afinado uníssono a canção “Menina estás à janela”, acompanhados por um doente de sorriso aberto. “Há pouco, um dos nossos idosos até chorou ao ouvir esta música”.
Músicas que são fruto de centenas de horas de formação e que cerca de uma hora antes tinham servido de introdução à cerimónia que marcou o arranque deste projeto especial na Unidade Local de Saúde de Santa Maria, evento que juntou algumas dezenas de profissionais no piso 2 do HSM para ouvir o Presidente da ULSSM, a CEO da Palhaços d’Opital e Nilton, embaixador da instituição.
“Estamos todos muito motivados com este projeto, que irá fazer a diferença e trazer momentos de conforto, humanização e alegria a doentes numa idade especial e que tanto deram ao nosso país”, afirmou Carlos das Neves Martins, que acrescentou fazer “parte do ADN de Santa Maria responder de forma imediata a estes desafios”.
Isabel Rosado, líder da Pd’O, mostrou-se também muito satisfeita por poder alargar a todo o país o projeto iniciado há 11 anos em hospitais do centro e depois do norte. “Honra-nos que o primeiro hospital com que estabelecemos protocolo na região de Lisboa seja a ULS Santa Maria, pela sua história e pela sua estratégia de humanização de cuidados”, tinha já declarado Isabel Rosado, que nesta segunda-feira deixou a certeza de uma duradoura relação com Santa Maria. “Por uma sociedade que trate melhor os mais velhos”.
Com 11 anos de existência em Portugal, os Palhaços d’Opital estão presentes em 8 hospitais do norte e Centro do país, alargando agora pela primeira vez a sua intervenção a unidades da região de Lisboa, fruto de um apoio da Coca-Cola, que vai permitir realizar este ano 44 visitas em que se repetirá o refrão “Bom dia em Santa Maria”.
Da esq. para a dir.: Caio Bastos, médico interno do Hospital do Rim, São Paulo; José António Lopes, Diretor do Serviço de Nefrologia e Transplantação renal da ULS Santa Maria; Maria Clara Monteiro, médica interna da Universidade Federal do Rio de Janeiro; José Nuno Fonseca, nefrologista da ULSSM e responsável pela orientação do Internato de Formação Específica em Nefrologia
