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Pedro Gaspar e Mariana Dias, médicos do Serviço de Medicina Interna da ULS Santa Maria, ganharam o prémio para Melhor Artigo Original publicado na revista científica da Ordem dos Médicos, a Acta Médica, em 2023, com a investigação ‘Preditores da COVID-19 Longa e o seu Impacto na Qualidade de Vida: Análise Longitudinal aos 3, 6 e 9 Meses Após a Alta de um Centro Português’, da qual são autores principais.
Os critérios na base desta distinção centraram-se no número de citações do estudo, que no caso foram maioritariamente internacionais, as suas visualizações e downloads, dados que o destacaram entre centenas de outros candidatos. O estudo incluiu todos os doentes com COVID-19 com alta hospitalar entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, período em que se atingiu um pico de casos na região de Lisboa, e resultou no primeiro trabalho publicado com dados da população portuguesa sobre a prevalência e os fatores de risco associados à COVID-19 longa após a alta hospitalar e a avaliação do seu impacto na qualidade de vida dos doentes.

Médicos premiados e diretor do Serviço de Medicina Interna da ULSSM receberam os parabéns do Conselho de Administração
“A Mariana, então médica interna no 1º ano, tinha interesse em estudar a chamada long COVID, e como eu, que além de ser interno do 3º ano na Medicina Interna em Santa Maria, estava na altura a tirar Estatística em Harvard, decidimos avançar e pedir a colaboração de outros colegas ”, relembra Pedro Gaspar. “Nessa fase, tínhamos muitos casos de uma doença que era ainda pouco conhecida e quisemos conhecer melhor essa realidade”, acrescenta Mariana Dias, hoje Interna do 4º ano na Medicina 2 da ULSSM, no final de uma receção no Conselho de Administração da ULSSM, onde receberam os parabéns, em nome de toda a instituição, do Presidente da unidade e do Diretor Clínico para os Cuidados Hospitalares.
Carlos das Neves Martins destacou a importância do reconhecimento da equipa que participou no estudo, que incluiu ainda seis médicos de Medicina Interna e uma médica do Serviço de Pneumologia, pelo que demonstra em termos de aposta da ULSSM na área da investigação, “para a qual é importante garantir tempo protegido”. Já Rui Tato Marinho enfatizou o trabalho positivo realizado na Medicina Interna, especialidade basilar no funcionamento dos hospitais, e a singularidade de um estudo que se destacou entre centenas de publicações na Acta Médica.
O estudo avaliou um amostra de 152, 117 e 110 doentes aos três, seis e nove meses, respetivamente. A COVID-19 longa (ou seja, em que os doentes referiam ter pelo menos um sintoma) estava presente em dois terços (66,5%) dos doentes aos três meses e ainda em mais de metade (54%) aos nove meses, altura em que a maioria dos inquiridos referia ainda compromisso da qualidade de vida. O sintoma persistente mais comum foi a fadiga. O domínio ansiedade/depressão foi o mais afetado nos três momentos, com pico aos seis meses (39%), seguido pelos domínios dor/desconforto e mobilidade.

“As sequelas clínicas associadas à COVID-19 longa podem persistir por pelo menos nove meses após a alta hospitalar e podem comprometer a qualidade de vida relacionada com a saúde a longo prazo em mais da metade dos doentes, independentemente da gravidade da doença e das características clinicodemográficas”, conclui o trabalho da equipa da ULS Santa Maria: além dos primeiros autores, o estudo é assinado também por Inês Parreira, Hélder Diogo Gonçalves, Federica Parlato, Valeria Maione, Henrique Atalaia Barbacena, Carolina Carreiro e Leila Duarte.