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Um mealheiro da Hello Kitty. Uma boneca da Heidi. Uns óculos. Uma fotografia a dois. São dezenas de objetos que ao primeiro olhar parecem não ter qualquer relação entre si, mas que estão unidos pelo mais forte dos sentimentos: a recordação de alguém que se perdeu.
São “Formas diferentes de falar sobre a vida”, da coach em luto Charlene Lam, autora de uma exposição ela própria viva, que respira com os objetos pessoais de profissionais da ULS Santa Maria e com a qual a equipa multidisciplinar da Unidade de Medicina Paliativa da ULSSM assinala a Semana de Celebração do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. A “Grief Gallery” pode ser vista e participada no piso 2 do Hospital de Santa Maria até à próxima sexta-feira.

Charlene Lam, de 47 anos, nasceu em Nova Iorque e mora em Portugal há quatro anos, depois de ter vivido em Londres, onde foi curadora de exposições de arte. Uma atividade que a ajudou a enfrentar um dos momentos mais difíceis da sua vida. “Quando a minha mãe morreu, em 2013, deixou uma casa cheia de pertences. Foi aí que se levantou um dilema: o que fazer com aqueles objetos? O que manter?”, recorda. “Na altura estava a trabalhar como curadora de exposições e decidi lançar o desafio a mim própria: ser curadora da minha própria dor através de uma exposição com objetos da minha mãe”.
Uma exposição que passou já por vários países e chega agora pela primeira vez a um hospital. “O desafio surgiu depois de ter conhecido a Charlene num death café [espaço para falar sobre a morte, um conceito iniciado em 2011] organizado em Lisboa no último verão e o objetivo é o de levar os profissionais da ULS Santa Maria a falar sobre perdas e adaptações da vida e do ciclo profissional de uma forma positiva”, conta Ana Luísa Pacheco, enfermeira da Unidade de Medicina Paliativa. “Para mim, é muito importante que a mensagem desta exposição possa chegar a profissionais de saúde, sendo que a Saúde foi precisamente uma das razões que me levou a optar por viver em Portugal”, acrescenta Charlene Lam.

A sessão de abertura da exposição decorreu no início desta semana, com a presença da equipa multidisciplinar, coordenada pela médica Filipa Tavares, e do Conselho de Administração da ULSSM. Demonstração da importância que a instituição reconhece à área dos cuidados paliativos e ao papel das suas equipas, como sublinhou o presidente da ULSSM, que agradeceu “de forma sentida a Charlene Lam e à Enfermeira Ana Luísa Pacheco pela dedicação investida neste projeto e à Dr.ª Filipa Tavares e à Enfermeira Amélia Matos, em representação das restantes equipas, pelo apoio e trabalho que realizam”. Carlos das Neves Martins garantiu ainda que esta é “uma área que vai crescer na nossa ULS, através do reforço de áreas e profissionais, em resposta às necessidades dos nossos utentes e do nosso excelente capital humano”.
O tema deste ano da Semana dos Cuidados Paliativos, “Dez Anos Desde a Resolução: Como Estamos?”, marca uma década desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) abordou os Cuidados Paliativos, incluindo-os nos seus objetivos de melhoria. Esta resolução chama todos os países a “reforçar os Cuidados Paliativos como componente de um cuidado abrangente ao longo do ciclo de vida.” Um tema que inspira a refletir sobre os avanços feitos e os desafios que ainda enfrentamos na promoção dos Cuidados Paliativos em todo o mundo.
Acompanhe os momentos preparados ao longo da semana para “Falar sobre Vida”
