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O Hospital de Santa Maria – Unidade Local de Saúde de Santa Maria tem uma consulta de decisão terapêutica de tumores de cabeça e do pescoço a funcionar há perto de cinco décadas, desde 1978, onde são avaliados todos os doentes com esta patologia de uma forma multidisciplinar com a presença de várias especialidades, nomeadamente: Anatomia Patológica, Cirurgia Plástica, Estomatologia, Oncologia Médica, Otorrinolaringologia, Radiologia e Radioncologia.
O Dia Mundial para a Consciencialização do Cancro da Cabeça e do Pescoço assinala-se no dia 27 de Julho. Em 2024, as equipas da ULSSM realizaram 616 consulta de decisão terapêutica e foram planeados os tratamentos oncológicos de 295 doentes: 25% da cavidade oral, 18% da orofaringe, 17% da laringe, 12% da pele e 9% das glândulas salivares.
Toda a estratégia de diagnóstico, estadiamento e plano terapêutico é definido em contexto multidisciplinar nesta reunião, com foco na melhor estratégia de tratamento e seguimento do doente, incluindo o controlo das sequelas terapêuticas que interferem na qualidade de vida do sobrevivente, mesmo quando se encontra livre de doença.
O cancro da cabeça e do pescoço é o 7º cancro mais comum no mundo com 890.000 novos casos por ano, sendo responsável por cerca de 450.000 mortes por ano[1]. Estes tumores podem atingir diferentes estruturas desta região como a cavidade oral, faringe, laringe, seios perinatais, pele e glândulas salivares.
Estima-se que em Portugal sejam diagnosticados entre 2.500 a 3.000 novos casos por ano. Esta doença é mais frequente no sexo masculino, acima dos 50 anos de idade e a sua incidência tem estado a aumentar ao longo dos últimos anos.
Os fatores de risco mais comuns são os hábitos tabágicos e alcoólicos, a infeção por Vírus do Papiloma Humano e Vírus Epstein-Barr.
O prognóstico nos casos em fase inicial é favorável, com taxas de cura que atingem os 80 a 90%. Infelizmente, em mais de metade dos casos, o diagnóstico é feito em estadios avançadas de doença onde o prognóstico é menos favorável, com taxas de cura a rondar os 40-50% e alta probabilidade de recorrência da doença, sobretudo nos primeiros dois anos.
[1] Sung, H., Ferlay, J., Siegel, R. L., Laversanne, M., Soerjomataram, I., Jemal, A., & Bray, F. (2021). Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries. CA: a cancer journal for clinicians, 71(3), 209–249. https://doi.org/10.3322/caac.21660