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A palavra que ninguém quer ouvir surgiu com a biópsia. HER2+, 20% dos cancros da mama que desafiam a medicina. Depois do choque inicial, chegou a abordagem para iniciar um novo tratamento, ainda em fase de início de ensaio clínico. Após uma hesitação natural em aceitar o desafio, Sandra Roque, na altura com 38 anos, acabou por ser a primeira pessoa em Portugal a participar nesse estudo. Estávamos no início de 2016 e o Centro de Investigação Clínica (CIC) do Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) a dar os primeiros passos na ULS Santa Maria.
Este centro de referência nacional e internacional está de parabéns! Inaugurado a 8 de Dezembro de 2015, o CIC-CAML completa esta semana uma década. O balanço não podia ser melhor. “O CIC foi um sonho que começou há dez anos”, revela o diretor do Centro e também diretor do Serviço de Oncologia da ULS Santa Maria, Luís Costa. Desde o início, tiveram lugar neste local, situado no Piso 7 do Hospital de Santa Maria, centenas de estudos que promoveram o acesso dos doentes a terapêuticas inovadoras. Como o desta história, que mudou a vida de Sandra.

“Entreguei literalmente o meu corpo à ciência”. Na segunda consulta, o Professor Luís Costa “propôs-me integrar esta investigação que era indicada para o meu perfil”. O estudo Berenice, com o medicamento Pertuzumab, seria o mais adequado para o caso e reduziria o risco de recidiva. E assim foi.
Após a quimioterapia, radioterapia, anticorpos e operação, veio a confirmação de sucesso do tratamento.
Para quem está a iniciar um destes processos, Sandra deixa uma mensagem: acreditar e confiar. Na sua opinião, o pensamento positivo também ajuda, assim como o apoio familiar. A Medicina está a evoluir muito, por isso acreditar e confiar nos profissionais de saúde é essencial. “Tive sorte porque encontrei o melhor profissionalismo, competência e humanidade no meu médico”.
Apesar de ter sido um período muito complicado, uma das questões apontadas como positivas por parte de Sandra foi o acompanhamento personalizado ao longo do tratamento e que ainda hoje nas consultas de rotina persiste. Um dos pontos que os profissionais do CIC das mais variadas áreas fazem questão de destacar.
Personalizar e humanizar
O Centro de Investigação Clínica cumpre há uma década o objetivo de ser uma plataforma privilegiada de ensaio e monitorização clínica de pesquisa e estudo. “Aqui potenciou-se a investigação a vários níveis com vários investigadores das mais diversas áreas”, explica Ana Lopes, coordenadora técnica das centenas de projetos de investigação que se realizaram.
Uma década depois, o CIC prepara-se para uma expansão estratégica, com o desenvolvimento da sua atividade, ao nível do que de melhor se faz em todo o Mundo. “O principal benefício é mesmo para a sociedade e para o doente, que ganha com os ensaios que daqui decorrem, mas também para a Ciência”. O diretor clínico do CIC não esconde o orgulho de fazer parte desta história irrepreensível. Há dez anos desconhecido, hoje, um dos pontos fortes da ULSSM.
“Obrigado a todos os que participaram neste projeto. Obrigada a todos os que continuam a sonhar com este projeto”.
Muitos parabéns às equipas multidisciplinares que trabalham e colaboram com o CIC e que com o que de melhor sabem e fazem dão esperança e conseguem mudar a vida de centenas de pessoas e famílias.
