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Sabia que, na crença muçulmana, quando um bebé nasce deve ouvir o chamamento para a oração proferido no ouvido direito pelo pai ou um ancião da comunidade? “Isto para que a palavra de Deus seja a primeira que ouve”.
Ou que os doentes muçulmanos internados no hospital são dispensados de jejuar durante o mês do Ramadão? “Porque o corpo é um tesouro delegado por Deus e não se deve colocar em causa a vida humana”.
Estes foram alguns dos exemplos destacados por Khalid Jamal, dirigente da comunidade islâmica de Lisboa, durante a 3ª sessão do Ciclo Conhecer para Cuidar, do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) da ULS Santa Maria. Uma reunião que teve lugar nesta quarta-feira, dia 7 de Fevereiro, na Aula Magna, com moderação de Pedro Gil, e que foi totalmente dedicada à relação entre a fé muçulmana e os cuidados de saúde.
A alimentação dos doentes muçulmanos, que estão proibidos de comer carne de porco ou seus derivados e de ingerir álcool ou outras substâncias que ponham em causa a sua clarividência; a relação com a morte, com a necessidade de um ritual de purificação através de um banho ou de realização do funeral no mais curto espaço de tempo; e os rituais no nascimento foram alguns dos principais aspetos focados na sessão, em que Khalid Jamal exemplificou com alguns aspetos pessoais.
“Eu fui pai há pouco tempo e fiz questão de ser eu a recitar o chamamento para a oração no ouvido direito da minha filha quando ela nasceu. E profundamente crente que sou, quero acreditar que a palavra de Deus cumpriu o seu efeito, porque a minha filha, que estava a chorar, se acalmou”.
Mussa Omar, cirurgião que teve uma longa carreira de 25 anos ligada ao Hospital de Santa Maria e que também participou na sessão, defendeu a necessidade de haver boa comunicação entre os profissionais de saúde e os doentes, explicando os tratamentos que vão receber. “É importante ter em conta, por exemplo, o conteúdo alcoólico dos medicamentos e questões como o facto de as insulinas terem componentes de origem suína”, sublinhou o médico, lembrando a importância da existência de espaços inter-religiosos nos hospitais.
A próxima sessão do ciclo do SAER será dedicada à Igreja Adventista do 7º Dia.
Para mais informação sobre as práticas religiosas muçulmanas e a sua relação com a prestação de cuidados de saúde pode consultar o Manual da Assistência Espiritual e Religiosa Hospitalar.