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Saúde na comunidade migrante e o acesso desta população aos cuidados de saúde foi o tema de dois pósters apresentados por elementos da equipa de vigilância epidemiológica da Unidade de Saúde Pública da ULS #SantaMaria, no âmbito da Conferência da Saúde Pública da Lusofonia, que decorreu nos dias 11 e 12 de Novembro, no Centro de Congressos de Lisboa.
Um dos trabalhos apresentados, com o título “Rastreio de Tuberculose numa população migrante, em Lisboa“, abordou uma iniciativa realizada junto de uma comunidade de cerca de 100 migrantes timorenses em situação de sem-abrigo, alojados num centro de acolhimento da Câmara Municipal de Lisboa. Este rastreio, co-organizado pela Unidade de Saúde Pública e pelo Centro de Diagnóstico Pneumológico Dr. Ribeiro Sanches, demonstrou que o cumprimento das recomendações específicas do Programa Nacional de Tuberculose para os migrantes provenientes de países de alta incidência de Tuberculose podem contribuir para prevenir a ocorrência de novos casos. Adicionalmente, a equipa considerou que a replicação da estratégia implementada, com utilização de um esquema de tratamento inovador e mais curto, poderá melhorar a eficácia dos rastreios da Tuberculose na população migrante.
No outro trabalho, com o título “A importância da vigilância epidemiológica para a saúde pública: o caso das infeções sexualmente transmissíveis na população migrante“, foi reportado o aumento do número de notificações clínicas obrigatórias destas doenças, entre 2015 e 2022, notando que uma parte significativa destas notificações se refere a utentes com naturalidade fora de Portugal, nomeadamente lusófonos. A equipa considerou que este aumento não corresponde, necessariamente, a um real aumento destas doenças na população, já que o aumento pode ser justificado por uma maior sensibilidade do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), tal como se observa a nível nacional e europeu. Adicionalmente, foram apresentadas diversas recomendações, como o desenvolvimento de intervenções colaborativas e com envolvimento diferentes setores (saúde, socioeconómicos e culturais), focadas nas populações mais vulneráveis, incluindo a população migrante, assim como um maior investimento na prevenção primária, com promoção do sexo seguro; e na prevenção secundária e terciária, com rastreios e notificação atempada para tratamento em fase inicial destas infeções.