“O nosso compromisso é com a qualidade, a inovação e a humanização na prestação de cuidados de saúde”. Foi com este desígnio que o Conselho de Administração se apresentou a 1 de Fevereiro de 2023 aos mais de seis mil trabalhadores do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, numa clara mensagem de compromisso com o reforço do prestígio do CHULN e das suas equipas altamente diferenciadas. Um ano depois, o Conselho de Administração que agora cessa funções pode afirmar que os objetivos de prestar mais e melhores cuidados aos nossos utentes foram alcançados, num ano absolutamente histórico em termos de produção no CHULN. Resultados que a todos devem orgulhar e que são mérito daqueles que todos os dias garantem que a missão dos hospitais de Santa Maria e Pulido Valente é cumprida: os seus profissionais.
O ano de 2023 fica desde logo marcado na história do CHULN pelo recorde de cirurgias realizadas: cerca de 33 mil, 28 mil das quais programadas, o que neste caso representa um aumento de 15% em comparação com o ano anterior, que já tinha sido de grande recuperação em relação ao período pandémico. Na atividade cirúrgica, destaque ainda para o crescimento do ambulatório, com perto de 20 mil cirurgias realizadas, mais 20% em relação ao ano de 2022. Resultados que se devem a um complexo trabalho multidisciplinar de articulação entre serviços clínicos e de apoio, que permitiu reduzir em 20% a mediana do tempo de espera para cirurgia (que se situa nos 91 dias), bem acima do programado, e os tempos médios de espera em 17%, melhorando assim um dos principais indicadores de acesso aos cuidados de saúde.
Nas consultas também se alcançaram em 2023 marcas históricas no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, em particular no número de primeiras consultas, principal indicador de acesso nesta área: realizaram-se 225 744 primeiras consultas (mais 9% em relação ao ano anterior), o maior número de sempre no CHULN. No total, foram realizadas mais de 780 mil consultas (783 896), e foi possível ainda reduzir em 4% o número de doentes em lista de espera. Dados tanto mais impressionantes se tivermos em conta que o número de pedidos para primeira consulta atinge também níveis recorde.
Mais sessões e doentes tratados nos hospitais de dia, mais exames realizados (perto de nove milhões), mais 25% de doentes acompanhados pela Unidade de Hospitalização Domiciliária, mais transplantes e colheitas de órgãos. Este foi um ano com grande impacto de atividade em várias áreas, que nos orgulha enquanto instituição basilar do Serviço Nacional de Saúde e que se deve ao enorme profissionalismo e qualidade das nossas equipas. Importância ilustrada no impacto mediático do nosso Hospital, nomeadamente na resposta de fim de linha na área das Urgências e no papel que desempenha na literacia à população e nas mensagens de saúde pública que veicula.
Cabe-nos ainda reconhecer o papel de todos os serviços de apoio, sem os quais não seria possível alcançar estes resultados assistenciais, e das empresas e demais entidades que connosco trilham este caminho numa lógica de respeito e entreajuda. A este propósito, importa sublinhar o esforço de gestão que resultou na redução da dívida (menos 19,4 milhões de euros [MEUR], -8,8%) e do prazo médio de pagamento a fornecedores em 26,2 dias (-14,5%), num contexto adverso de grande pressão económica, com o aumento substancial de encargos com recursos humanos (+12,6%), de custos crescentes na área do medicamento e acesso a inovação (+10,5%) e níveis elevados de inflação (+7,8% no conjunto do ano 2022, com reflexo nas prestações de 2023).
Mesmo neste, contexto foi possível assegurar uma elevada taxa de execução do investimento de 55% (23,1 MEUR dos 41,9 MEUR aprovados). Além do investimento em equipamento básico (7,1 MEUR), em hardware (1,32 MEUR) e software (0,7 MEUR), foram lançados ou concretizados projetos estruturantes, com particular destaque para a obra da nova maternidade Luís Mendes da Graça, que já em 2024 vai dotar o Hospital de Santa Maria e o SNS com o maior bloco de partos do país, resposta essencial a grávidas e bebés de toda a região, num montante global de investimento de 6,1 MEUR. Foi ainda possível adjudicar a obra, há muito ambicionada, de remodelação da Unidade de Transplantação de Medula Óssea (3,3 MEUR), concluir a obra da Unidade de Psiquiatria Integrada para Adolescentes (1 MEUR) e a obra do novo internamento da Psiquiatria (0,9 MEUR), ambos os projetos beneficiários de cofinanciamento PRR, e concluir as obras de beneficiação do bloco de Ginecologia (0,4 MEUR) e a obra de beneficiação da Pneumologia (0,2 MEUR).
Foi ainda nomeado o grupo de trabalho para criação do Programa de Cirurgia Robótica, com autorização de investimento de 2 MEUR para a aquisição do primeiro robot cirúrgico da ULS Santa Maria, estabelecendo as raízes para a criação de uma Unidade de Cirurgia Robótica de elevada diferenciação nos dois polos cirúrgicos dos hospitais de Santa Maria e Pulido Valente. O posicionamento da ULSSM nesta área é alicerçado num modelo inovador que potencia sinergias entre a componente assistencial e académica, no âmbito do Centro Académico de Medicina de Lisboa. Ainda no contexto do CAML, destaque também para a integração em grandes projetos de investigação internacionais, de que é exemplo o Gulbenkian Institute for Molecular Medicine, e a presença em cerca de uma dezena de Redes Europeias de Referência.
Mas no balanço final deste ano de mandato, mais do que dos grandes números e dos grandes projetos, é das pessoas que os tornaram possíveis que falamos. Do seu bem-estar, que, como o afirmámos no primeiro dia, tem de ser sempre o mais importante para quem gere a agora Unidade Local de Saúde de Santa Maria. Porque dele depende a satisfação e os cuidados de qualidade aos nossos utentes que, em 2023, o reconheceram com um aumento expressivo dos louvores e a diminuição das reclamações junto da instituição.
O recém-criado Serviço de Qualidade e a revitalizada Comissão para a Humanização Hospitalar serão instrumentos essenciais para introduzir as melhorias necessárias nesta área e concretizar esse desígnio estratégico de tornar as nossas estruturas e os nossos processos cada vez mais dignos e atentos às necessidades dos nossos doentes e das nossas equipas.
As primeiras palavras enviadas por este CA aos profissionais do Hospital Universitário de Santa Maria e Hospital Pulido Valente ilustram hoje, passado um ano da nossa vida convosco, a maior aprendizagem que levamos para a nossa vida. Nestes Hospitais do SNS, a missão de cuidar concretiza-se, todos os dias, com elevado profissionalismo e humanismo. E porque todos são muito importantes, neste propósito, as nossas últimas palavras são de gratidão e incentivo. Foi uma honra, um enorme prazer, e uma grande responsabilidade assumir a liderança deste Centro Hospitalar e Universitário. Um projeto para as pessoas e onde as pessoas contam.
Da esq. para a dir.: Caio Bastos, médico interno do Hospital do Rim, São Paulo; José António Lopes, Diretor do Serviço de Nefrologia e Transplantação renal da ULS Santa Maria; Maria Clara Monteiro, médica interna da Universidade Federal do Rio de Janeiro; José Nuno Fonseca, nefrologista da ULSSM e responsável pela orientação do Internato de Formação Específica em Nefrologia
