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“A essência da enfermagem constrói-se à cabeceira e aperfeiçoa-se na prática diária.”

Carlos Sampaio, enfermeiro generalista há 31 anos. Defensor da valorização da prática clínica e da experiência como fonte legítima de perícia em enfermagem. Neste artigo reflete sobre a evolução do enfermeiro de cabeceira até ao reconhecimento do perito construído pela prática diária.
Enfermeiro de Cabeceira: A Essência que Permanece
A história da enfermagem moderna nasce com Florence Nightingale, nos meados do século XIX. Surgia então o enfermeiro de cabeceira, aquele que, ao lado do doente, garantia cuidados contínuos, observava sinais silenciosos e agia com precisão e compaixão. Desde esse tempo, “estar à cabeceira” passou a ser sinónimo de presença ativa, de compromisso inabalável com a vida.
Hoje, o enfermeiro generalista é o legítimo herdeiro desse legado. Com formação científica sólida e prática consolidada, assegura cuidados globais, personalizados e seguros, 24 horas por dia. Cuidar à cabeceira é, mais do que uma tradição, uma responsabilidade assumida com rigor e dedicação.
A todos os enfermeiros generalistas: cada cuidado prestado, cada decisão tomada no terreno, cada olhar atento que antecipa e previne é a expressão viva da vossa perícia. O verdadeiro perito constrói-se na prática diária, na experiência junto do doente, onde o saber técnico se funde com a observação, a decisão crítica e a presença contínua.
A perícia do enfermeiro generalista não se adquire apenas nos livros: nasce no contacto real, na vigilância permanente, na execução pensada de cada gesto técnico. Somos peritos porque somos presença ativa, capacidade crítica e humanidade.
Valorizar o enfermeiro de cabeceira é valorizar a enfermagem que transforma, a ciência que não abdica da arte de cuidar. É reconhecer que, desde Nightingale até aos dias de hoje, é à cabeceira que se escreve a história real da saúde e da vida.
Carlos Sampaio