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Realizaram-se nos dias 9 e 10 de outubro as VIII Jornadas da USF Parque, este ano dedicadas ao tema “Cuidados de Saúde Primários – Inovação no SNS”, numa clara aposta na reflexão sobre o papel da inovação enquanto ferramenta estratégica para transformar, integrar e humanizar os cuidados de saúde.
O primeiro dia foi marcado por uma forte participação de profissionais de saúde e decisores, tendo como ponto alto a sessão dedicada ao tema “Inteligência Artificial nos Cuidados de Saúde Primários”. Este debate, particularmente inspirador, reforçou a importância das tecnologias emergentes na criação de sistemas de saúde mais eficientes, personalizados e centrados no utente.
Ao longo da jornada, discutiram-se temas como a valorização de boas práticas a preservar no SNS, a articulação entre cuidados hospitalares e unidades de saúde familiar, e o que esta relação pode aportar em benefício dos cidadãos, bem como os novos desafios dos Cuidados de Saúde Primários, da evidência científica à personalização dos cuidados.
O encontro destacou-se pela partilha de experiências, pelo pensamento crítico e pela abertura ao futuro. Promoveu-se um espaço de diálogo entre diferentes profissionais, onde se sublinhou a necessidade de integrar modelos organizacionais inovadores, equipas multidisciplinares dinâmicas e soluções tecnológicas que apoiem o trabalho clínico, reforçando o papel central do utente no percurso de cuidados.
Foram também apresentados seis projetos inovadores desenvolvidos no terreno, que demonstraram o potencial transformador da inovação quando colocada ao serviço das equipas e dos utentes. Desses seis projetos, destacou-se um top três: em terceiro lugar, o projeto #RAINHAON – prevenir dependência digital em jovens, apresentado pelas enfermeiras Cláudia Martins e Eduarda Lima, da UCC Lumiar+.

Em segundo, o trabalho “Do pulso ao diagnóstico: avaliação da performance dos smartwatches na fibrilhação auricular. Revisão baseada na evidência”, das médicas internas Marta Croca Morais, Madalena Veríssimo e Beatriz Salgado Gonçalves, da USF do Parque.

Em primeiro lugar, o projeto “Da teoria à prática: ferramentas digitais para melhorar o controlo lipídico em doentes com diabetes – um projeto de melhoria de qualidade”, apresentado por Beatriz Santos, médica interna de Medicina Geral e Familiar na USF Andreas.

Segundo a autora, “o primeiro lugar representa uma validação e reconhecimento do trabalho desenvolvido na nossa unidade. Este projeto foi concebido em equipa e traduz o esforço coletivo de todos os internos”.
A intervenção premiada recorreu a uma ferramenta digital que sugere a estatina adequada ao risco cardiovascular e valor de LDL do doente, complementada por formação da equipa e ações de literacia junto dos utentes. O impacto foi expressivo: o controlo lipídico aumentou de 10,3% para 14,1% (melhoria relativa de 40%) e a prescrição de estatinas de alta intensidade subiu de 20% para 30%. Uma iniciativa simples, digital e replicável, com resultados reais na prática clínica e na qualidade dos cuidados prestados.

No segundo dia, 10 de outubro, as Jornadas prosseguiram com uma manhã inteiramente dedicada a workshops práticos, que abordaram temáticas relevantes para os desafios contemporâneos da saúde: Como humanizar uma teleconsulta; PrEP – Profilaxia Pré-exposição ao VIH; Pedagogia na prática clínica: ensinar e cativar para o SNS; e Comunicação em equipa multidisciplinar de saúde.

Estas sessões procuraram capacitar os profissionais, promovendo uma cultura de proximidade, empatia e atualização contínua, essenciais para um SNS mais resiliente, inclusivo e inovador.
A ULS Santa Maria reafirma, assim, o seu compromisso com a inovação responsável e humanizada, promovendo a integração efetiva entre Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares, com o objetivo último de proporcionar um percurso de cuidados coeso, eficiente e verdadeiramente centrado na pessoa.