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Casamentos, batismos, comunhões. Ser Assistente Espiritual no Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) de uma unidade da dimensão da ULS Santa Maria é muito mais do que celebrar Missa ou administrar a Unção aos doentes. Nesta época natalícia, passámos um dia com os três Capelões de Santa Maria e constatámos que a sua presença é uma alegria e uma inspiração para quem com eles se cruza, utentes, famílias e profissionais.
É verdade que o SAER visa sobretudo os doentes, mas a sua presença destina-se também a confortar todos os que desenvolvem a sua atividade profissional nesta instituição. Para que médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares possam exercer essa fundamental forma da humanidade que é cuidar do próximo têm que se sentir bem consigo próprios.
“Estamos aqui para lhes proporcionar essa ajuda e essa condição espiritual, para que se sintam preparados para prestar o melhor serviço a quem mais precisa”, explica o Padre Fernando Soares, coordenador do SAER desde a aposentação, em meados deste ano, do Padre Fernando Sampaio, até então coordenador das Capelanias Hospitalares.
Com o sotaque italiano que nunca perdeu, apesar de estar em Portugal há 22 anos, tendo já feito o Seminário por cá, o Padre Marco Leotta, que chegou há cerca de seis meses a Santa Maria, ainda se comove com o conforto que os funcionários do hospital demonstram aqui encontrar. “Para mim é uma coisa “mui bella” encontrar as pessoas que aqui trabalham a rezar logo pela manhã”.
Que o diga uma auxiliar da Unidade de Tratamento Intensivo para Coronários (UTIC), que todas as manhãs antes de iniciar o turno passa pela Capela, onde encontra o ambiente de serenidade que procura para acender as suas velas e rezar. “É a forma que eu encontrei para enfrentar o dia que tenho pela frente e a minha vida em geral”.
A Capela de Santa Maria está aberta das 07h00 às 19h00, de segunda a sábado, e das 09h30 às 12h30 aos domingos e dias santos, fechando nos feriados. Mas os atos de culto funcionam de segunda a sexta às 07h15 e 12h30. Domingos e dias santos, pelas 11h00. Nos dias de semana, pelas 16h30, é também celebrada uma missa no Hospital Pulido Valente (HPV) e aos domingos, às 11h00.
Já a Assistência Espiritual e Religiosa não tem hora marcada. Os Padres estão sempre disponíveis, para lá do horário da Capela. “Temos uma escala e o capelão de urgência poderá ser chamado a qualquer hora do dia ou da noite, todos os 365 dias do ano”.
Por mês, podemos ser chamados entre 10 e 15 vezes para uma urgência noturna. “Quando o telefone toca sabemos que podemos uma encontrar uma situação muito difícil. Pelo caminho, vamo-nos preparando também para a melhor abordagem e prestar o consolo solicitado”, confessa o Capelão Fernando Soares.
Só este ano, o Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa já realizou seis casamentos, oito batismos, dois deles de adultos, 20 comunhões e mais de 360 administrações de Unção.
A Unção é, por norma, uma confissão para pessoas doentes que possam estar em risco de vida. Como explica ainda, “a Santa Unção não anuncia nem pede a morte, mas a ajuda de Deus e as melhoras”.
Mas se a administração da Unção é feita a pedido do doente e recebida em plena consciência, as visitas dos Padres chegam muitas vezes sem planeamento.
Um destes dias, um doente chegou de urgência ao hospital, e já em internamento na cardiologia lembrou-se que era domingo e não podia ir à missa, como é habitual. “Meia hora depois deste pensamento o Padre Fernando entrou pelo Serviço dentro, como que adivinhando os meus pensamentos”, recordou Pedro já muito bem-disposto, por estar a horas de receber alta clínica, quando nos viu surgir junto do Padre na visita.
Ao mesmo tempo, o Padre Natanael Harasym, que saiu da Ucrânia em 1996 para ser missionário no Brasil, tendo chegado ao nosso país em 2001, a convite do Patriarcado para acompanhar a comunidade ucraniana greco-católica em Portugal, também cumpria o serviço de assistência espiritual visitando doentes noutras unidades.
O almoço foi a convite do Equipa Intra-Hospitalar de Cuidados Paliativos. Uma vez que é Natal, reina a boa disposição, sobretudo quando se brincou ao amigo secreto, em que sobressai o sentido de humor destes três “colegas” especiais.
O Padre Natanael rumou depois ao Hospital Pulido Valente, onde terminou a sua jornada diária na ULSSM com a celebração da missa. Deixou uma mensagem de alento, lembrando os mais frágeis e os seus conterrâneos na Ucrânia, que atravessam momentos difíceis. “Deixo uma palavra de esperança para todos aqueles que sofrem. E também para quem cuida e para quem é cuidado”.
Nesta época especial, nada mais adequado do que acompanhar o trabalho meritório de quem presta conforto aos que mais precisam. Obrigada aos três pela dedicação e exemplo de humanidade que a todos dão.